De que forma avalia a crise social que está a afectar Portugal?
É uma situação muito grave. Ela já existia – não se pode esquecer que Portugal é o país da União Europeia em que o fosso entre ricos e pobres é mais fundo. Agora a crise acentuou-se com o aumento do crude e dos outros bens, nomeadamente, alimentares. Pode vir aí uma conflitualidade social séria.
Está preocupado?
É evidente que sim. Só quem andasse completamente desatento ou seja sadomasoquista é que se não preocuparia. Há em Portugal dois milhões de pobres e há pessoas com fome. É uma vergonha nacional.
O Governo está a ser capaz de dar respostas aos problemas da área social que estão a afectar os portugueses?
Queria dizer-lhe que a situação é complexíssima, porque a crise é nacional, europeia e global. Portanto, o Governo também está limitado, por causa de toda esta interdependência da economia e da finança. Por exemplo, o próprio Presidente da República já chamou a atenção para o escândalo dos salários de certos gestores. Mas não podemos esquecer que também os gestores hoje fazem parte do mercado global e isso limita o poder do Governo. Impostos sobre as fortunas seria outra medida necessária. Mas já Marx dizia o que hoje se tornou mais evidente: o capital não tem pátria...
As respostas do Executivo têm sido muito parciais. É necessária mais justiça social e espero que o Governo pense bem nas obras faraónicas que aí vêm e que, pelo menos, evite a todo o custo as famosas derrapagens orçamentais.
Que conselhos deixa ao Governo?
Não tenho competência para isso. Mas sempre lhe digo que um dos dramas de Portugal é a falta de formação e qualificação. Na devida altura, não se tomaram medidas de fundo nesse sentido. Então, que o Governo aposte na formação e qualificação. Mas numa formação e qualificação a sério e não para simples estatísticas, o que está a constituir mais uma intrujice nacional.
Que resposta tem a Igreja para dar às populações mais carenciadas?
Penso que a Igreja vai fazendo o que pode, tanto a nível institucional, nas paróquias, nas instituições particulares de solidariedade social, como individualmente. Há muitos cristãos que, generosamente e sem dar nas vistas, contribuem para aliviar as necessidades dos mais carenciados.
Penso, por outro lado, que a Igreja poderia e deveria ajudar também a reflectir sobre o sentido do dinheiro. Quero com isto dizer que frequentemente os portugueses perderam o sentido da moderação no uso dos bens. Julgo, por exemplo, que não é razoável ir de férias a crédito, como ainda hoje vi em publicidade nos jornais.
É uma situação muito grave. Ela já existia – não se pode esquecer que Portugal é o país da União Europeia em que o fosso entre ricos e pobres é mais fundo. Agora a crise acentuou-se com o aumento do crude e dos outros bens, nomeadamente, alimentares. Pode vir aí uma conflitualidade social séria.
Está preocupado?
É evidente que sim. Só quem andasse completamente desatento ou seja sadomasoquista é que se não preocuparia. Há em Portugal dois milhões de pobres e há pessoas com fome. É uma vergonha nacional.
O Governo está a ser capaz de dar respostas aos problemas da área social que estão a afectar os portugueses?
Queria dizer-lhe que a situação é complexíssima, porque a crise é nacional, europeia e global. Portanto, o Governo também está limitado, por causa de toda esta interdependência da economia e da finança. Por exemplo, o próprio Presidente da República já chamou a atenção para o escândalo dos salários de certos gestores. Mas não podemos esquecer que também os gestores hoje fazem parte do mercado global e isso limita o poder do Governo. Impostos sobre as fortunas seria outra medida necessária. Mas já Marx dizia o que hoje se tornou mais evidente: o capital não tem pátria...
As respostas do Executivo têm sido muito parciais. É necessária mais justiça social e espero que o Governo pense bem nas obras faraónicas que aí vêm e que, pelo menos, evite a todo o custo as famosas derrapagens orçamentais.
Que conselhos deixa ao Governo?
Não tenho competência para isso. Mas sempre lhe digo que um dos dramas de Portugal é a falta de formação e qualificação. Na devida altura, não se tomaram medidas de fundo nesse sentido. Então, que o Governo aposte na formação e qualificação. Mas numa formação e qualificação a sério e não para simples estatísticas, o que está a constituir mais uma intrujice nacional.
Que resposta tem a Igreja para dar às populações mais carenciadas?
Penso que a Igreja vai fazendo o que pode, tanto a nível institucional, nas paróquias, nas instituições particulares de solidariedade social, como individualmente. Há muitos cristãos que, generosamente e sem dar nas vistas, contribuem para aliviar as necessidades dos mais carenciados.
Penso, por outro lado, que a Igreja poderia e deveria ajudar também a reflectir sobre o sentido do dinheiro. Quero com isto dizer que frequentemente os portugueses perderam o sentido da moderação no uso dos bens. Julgo, por exemplo, que não é razoável ir de férias a crédito, como ainda hoje vi em publicidade nos jornais.
A Igreja deve denunciar as injustiças e propor caminhos de justiça. Mas cabe-lhe também, mesmo que seja em substituição, ajudar os mais carenciados. Neste caso, fazendo a Igreja muitas vezes melhor e mais barato do que o Estado, não percebo porque é que o Estado não há-de apoiar financeiramente.
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