Vai já longe o tempo em que a rádio não se ouvia e a televisão era um sonho imaginário.
As noites na aldeia criavam encanto à volta da lareira e o sabor das conversas vestiam as cores de novelas da vida numa repetição de factos e histórias que deliciavam a juventude e passavam a futuro o passado real ou imaginado. À volta da fogueira que os chamiços acendiam e as tocas de árvores velhas alimentavam, ouviam-se dos pais atentos e avós sabedores as histórias da vida contada e recontada em formas e datas diferentes com um espírito sempre novo e versão sempre actual.
Era a trovoada que zurzia, o lobo que invadia a encosta, ou o lobisomem que atormentava a população ou bruxa que voava.
Enquanto a brasa vivia, as mulheres fiavam e o vento soprava, à volta da fogueira evoluía o serão familiar.
Ocupando o tempo a contar o dia a dia, pais e avós transmitiam o passado, liam a biblioteca do saber utilizando a comunicação oral, transmitindo o passado e dando vida aos feitos e factos.
O novo ritmo de vida, as novelas e telenovelas, o novo modo de ser e saber pela rádio e televisão, alterou o sistema
O mundo mudou e os serões na vida da aldeia também.
Esquecer este passado e deixar no arquivo morto da história esta realidade seria grave prejuízo para a cultura e conhecimento geral dos povos.
De louvar e aplaudir são pois a iniciativas tendentes à recuperação e manutenção em suporte escrito ou visual da vida anterior à tecnologia actual que fez da terra uma normal aldeia sem distâncias onde tudo o que é e há são reais e actuais ao mesmo tempo em todo o lado.
Tão longo intróito só para dizer que os - «Contos Serranos e Ribeirinhos» de José Duarte Oliveira, dispostos em livro, são um precioso repositório dessas recolhas, em terminologia suave e compreensiva, atenta e perspicaz.
Trazendo à memória factos e histórias da vida vivida ou contada nos ambientes familiares de aldeias serranas ou povoados ribeirinhos da mesma serra, o autor recupera dos escaninhos da memória, transcrevendo ou recriando, cenas reais da vida real à maneira de contos, sui generis contados, partindo de uma introdução ambiental à volta dos costumes e do tema, desenvolvendo a seguir o drama em bela forma exposta, para no momento mais alto da curiosidade descrita, encerrar o tema com chave poética em forma de soneto, liberto do rigor belo da métrica e rima.
São 16 descrições em 150 páginas de leitura cativante que nos levam às memórias da vida, desde Castelo de Paiva a Cinfães e de Resende a Lamego terras onde a vida do autor encontrou e deixou rastos de passado e memória de futuro, numa área e circuito impostos pelas águas do Douro e limites do Montemuro.
Com esta obra focalizada essencialmente à volta de Cinfães e cujas receitas de 1ª edição revertem a favor de uma fundação internacional de bem-fazer, o autor leva-nos a viajar pelas realidades da vida que o tempo já levou, deixando na mente a mensagem de um alguém realista mas «crente nos caminhos do progresso da humanidade de cujo projecto quer ser actor…»
São contos e lendas em recolha parcial e possível que a pouco e pouco o tempo destruiria na rapidez da sua passagem e que só deste modo alguma coisa permanecerá para o futuro liberto da inexistência.
Quantas lendas, contos, orações, crenças e crendices continuam ainda com alguma existência, mas à beira do seu fim nas mesmas terras desta terra, desde o Couto a Ervilhais, de Sogueire à Panchorra, de Boassas a Bigorne ou de Samodães a Lalim !
Há ainda por muitos lados em lugares e lugarejos, gigantes a combater, lobos a referir, lobisomens a desvendar, almas penadas a remir, marcos maninhos a repor, bruxas a descobrir ou medos a esconjurar!
Aguardam-se mais livros, destes, como este ou semelhantes, para manter em forma de letra a tradição rica que desaparece por não ser contada nem escrita…e quando morrerem os já poucos que dela falam, não mais dela se falará, porque sem enterro e luto, ficam, sem darmos conta, juntos na mesma sepultura a que na história se chama esquecimento.
E, se já não voltam -( lamento meu que todos perdi e deles nada gravei)- o António de Cristelo para nos falar do lobos , o Manuel de S. Pedro para lembrar os lobisomens, o António de Passos para as histórias dos roubos e assaltos, a Ana da Quintã para dizer do volfrâmio, o Costa de Cimo da Vila para referir partilhas antigas e os marcos desviados, ou meu pai para falar da monarquia e das guerras liberais, outros porém noutras terras viverão ainda e haja quem atento não perca o que eles ainda poderão contar para memória futura como riqueza do passado.
Do muito que já deu à comunidade através da sua vida profissional dedicada ao ensino, de escritos vários em vários jornais, das comunicações na rádio sobre educação e juventude, ou do livro « o Mundo das Crianças», muito a comunidade continua a esperar do José Oliveira que tem para já e agora em parto normal o nascimento da «Universidade Sénior de Cinfães » , desenvolvida a partir da sua actividade como presidente do Rotary Club de Cinfães, no ano rotário 2009-2010.
Como o poeta e com saudade eu sonho:
- «oh pião da minha infância vem de novo à minha mão!»
As noites na aldeia criavam encanto à volta da lareira e o sabor das conversas vestiam as cores de novelas da vida numa repetição de factos e histórias que deliciavam a juventude e passavam a futuro o passado real ou imaginado. À volta da fogueira que os chamiços acendiam e as tocas de árvores velhas alimentavam, ouviam-se dos pais atentos e avós sabedores as histórias da vida contada e recontada em formas e datas diferentes com um espírito sempre novo e versão sempre actual.
Era a trovoada que zurzia, o lobo que invadia a encosta, ou o lobisomem que atormentava a população ou bruxa que voava.
Enquanto a brasa vivia, as mulheres fiavam e o vento soprava, à volta da fogueira evoluía o serão familiar.
Ocupando o tempo a contar o dia a dia, pais e avós transmitiam o passado, liam a biblioteca do saber utilizando a comunicação oral, transmitindo o passado e dando vida aos feitos e factos.
O novo ritmo de vida, as novelas e telenovelas, o novo modo de ser e saber pela rádio e televisão, alterou o sistema
O mundo mudou e os serões na vida da aldeia também.
Esquecer este passado e deixar no arquivo morto da história esta realidade seria grave prejuízo para a cultura e conhecimento geral dos povos.
De louvar e aplaudir são pois a iniciativas tendentes à recuperação e manutenção em suporte escrito ou visual da vida anterior à tecnologia actual que fez da terra uma normal aldeia sem distâncias onde tudo o que é e há são reais e actuais ao mesmo tempo em todo o lado.
Tão longo intróito só para dizer que os - «Contos Serranos e Ribeirinhos» de José Duarte Oliveira, dispostos em livro, são um precioso repositório dessas recolhas, em terminologia suave e compreensiva, atenta e perspicaz.
Trazendo à memória factos e histórias da vida vivida ou contada nos ambientes familiares de aldeias serranas ou povoados ribeirinhos da mesma serra, o autor recupera dos escaninhos da memória, transcrevendo ou recriando, cenas reais da vida real à maneira de contos, sui generis contados, partindo de uma introdução ambiental à volta dos costumes e do tema, desenvolvendo a seguir o drama em bela forma exposta, para no momento mais alto da curiosidade descrita, encerrar o tema com chave poética em forma de soneto, liberto do rigor belo da métrica e rima.
São 16 descrições em 150 páginas de leitura cativante que nos levam às memórias da vida, desde Castelo de Paiva a Cinfães e de Resende a Lamego terras onde a vida do autor encontrou e deixou rastos de passado e memória de futuro, numa área e circuito impostos pelas águas do Douro e limites do Montemuro.
Com esta obra focalizada essencialmente à volta de Cinfães e cujas receitas de 1ª edição revertem a favor de uma fundação internacional de bem-fazer, o autor leva-nos a viajar pelas realidades da vida que o tempo já levou, deixando na mente a mensagem de um alguém realista mas «crente nos caminhos do progresso da humanidade de cujo projecto quer ser actor…»
São contos e lendas em recolha parcial e possível que a pouco e pouco o tempo destruiria na rapidez da sua passagem e que só deste modo alguma coisa permanecerá para o futuro liberto da inexistência.
Quantas lendas, contos, orações, crenças e crendices continuam ainda com alguma existência, mas à beira do seu fim nas mesmas terras desta terra, desde o Couto a Ervilhais, de Sogueire à Panchorra, de Boassas a Bigorne ou de Samodães a Lalim !
Há ainda por muitos lados em lugares e lugarejos, gigantes a combater, lobos a referir, lobisomens a desvendar, almas penadas a remir, marcos maninhos a repor, bruxas a descobrir ou medos a esconjurar!
Aguardam-se mais livros, destes, como este ou semelhantes, para manter em forma de letra a tradição rica que desaparece por não ser contada nem escrita…e quando morrerem os já poucos que dela falam, não mais dela se falará, porque sem enterro e luto, ficam, sem darmos conta, juntos na mesma sepultura a que na história se chama esquecimento.
E, se já não voltam -( lamento meu que todos perdi e deles nada gravei)- o António de Cristelo para nos falar do lobos , o Manuel de S. Pedro para lembrar os lobisomens, o António de Passos para as histórias dos roubos e assaltos, a Ana da Quintã para dizer do volfrâmio, o Costa de Cimo da Vila para referir partilhas antigas e os marcos desviados, ou meu pai para falar da monarquia e das guerras liberais, outros porém noutras terras viverão ainda e haja quem atento não perca o que eles ainda poderão contar para memória futura como riqueza do passado.
Do muito que já deu à comunidade através da sua vida profissional dedicada ao ensino, de escritos vários em vários jornais, das comunicações na rádio sobre educação e juventude, ou do livro « o Mundo das Crianças», muito a comunidade continua a esperar do José Oliveira que tem para já e agora em parto normal o nascimento da «Universidade Sénior de Cinfães » , desenvolvida a partir da sua actividade como presidente do Rotary Club de Cinfães, no ano rotário 2009-2010.
Como o poeta e com saudade eu sonho:
- «oh pião da minha infância vem de novo à minha mão!»
*Apontamento do Dr. Adão Sequeira, escrito para "A Voz de Lamego" (Outubro de 2009) sobre o livro em epígrafe.
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