terça-feira, 30 de março de 2010

Grupo "Resende em Marcha": Animação ao ritmo de canções populares*

Origem
Este grupo é herdeiro da animação ligada aos cortejos de oferendas que eram anualmente organizados nas diferentes freguesias do concelho para apoiar a Santa Casa de Misericórdia de Resende e, no âmbito de cada paróquia, para ajudar as obras religiosas e sócio-caritativas e contribuir para o pagamento de despesas com a beneficiação da igreja e capelas. Normalmente ocorriam pelo S. Miguel, altura das colheitas, estando envolvidas as várias povoações que faziam a recolha dos produtos agrícolas e organizavam grupos de marchas com um reportório actualizado, com o objectivo de integrar o cortejo de oferendas. Embora formalmente não houvesse concurso para selecção do melhor grupo, o mesmo surgia naturalmente em júri alargado da população em contexto de rivalidades saudáveis.
Estes cortejos constituíam verdadeiras escolas de música e dança, onde os mais talentosos em inspiração e criatividade eram os mestres ensaiadores, como sempre foi e é o caso de Arlindo Pinto Sequeira. Há 22 anos, com apenas 14 anos, deu nas vistas quando integrou um grupo de danças e cantares de Vinhós numa festa de recepção a um ministro da altura. Passados três anos, foi convidado para ensaiar um grupo que integrou um cortejo de oferendas da Paróquia de São Salvador de Resende. Depois de vir da tropa, com 25 anos, dirigiu um outro grupo que integrou um cortejo da mesma paróquia.
Com o 25 de Abril, a realização destas iniciativas foi esmorecendo, tendo acabado por desaparecer. Contudo, como a música e a inspiração para os versos lhe corriam nas veias, foi aguardando uma oportunidade para a formação de um grupo que respondesse ao perfil dos novos tempos. Este ensejo foi proporcionado no início de 1997 como desafio para integrar o Cortejo Etnográfico da Cerejeira em Flor, no qual estavam directamente envolvidas as várias Juntas de Freguesia, incluindo a de Resende da qual Arlindo Sequeira era Presidente, em substituição do elemento número um da lista. Nesse mesmo ano, tomou parte no desfile da Festa da Labareda, que fez sucesso pela encenação de tochas a arder, empunhadas por cerca de 50 elementos. A partir daqui, o entusiasmo nunca esmoreceu. O grupo constituído em 25-08-2004 como associação devidamente registada e com a actual designação. Até esta data, designava-se por Grupo de Danças e Cantares de Resende.

Reportório e actuações
A maior parte do reportório é constituído por marchas, integrando também viras, balsas e a chula. Ao contrário dos ranchos folclóricos e etnográficos, o Grupo Resende Em Marcha não procura recriar o passado nem dar vida a tradições que tiveram o seu tempo. Abarca temas tão variados como cantigas com pitadas de humor, atrevimento e malandrice (“O gato farfalhudo”), versos festejando o doce mais afamado do concelho de Resende (“O coro das Cavacas”) ou cantando a árvore e o fruto mais celebrizado da nossa terra (“Coro das Cerejeiras”), quadras celebrando os tempos passados dos barcos rabelos (“Somos rabelos”) e a história, tradições e a beleza das nossa encostas e aldeias (“Resende, tu tens encanto” e “Ó minha terra…”) até versos exaltando a nobre figura de Egas Moniz e os valores que sempre contribuíram para afirmação da nossa terra (“Cá vai Resende…”. Todas as músicas e letras são originais, à excepção do “Vira da Beira Alta” e “Coro das Cavacas” com inspiração em músicas já antigas.
Devido à qualidade e às suas características de animação, o grupo tem sido muito solicitado para festivais e outros eventos. Já actuou em programas de televisão, em Espanha e em diversas localidades do país (Lisboa, Barcelos, Lousã, Porto, Vila Nova de Foz Côa…).

Aqui há gato
Estas deslocações são pretexto de convívio, em que o imprevisto e o insólito também acontecem, como esta situação que sucintamente se descreve. Na saída para a Lousã, em 2002, estranhou-se o miar de um gato cujo som parecia sair das proximidades do porão das bagagens do autocarro. Quando pararam num café/restaurante, próximo da barragem da Aguieira, continuou a ouvir-se o mesmo som. O mesmo aconteceu quando chegaram ao destino, em Casal de Ermia (Lousã). Lembrando um gato agoirento, voltou a miar na mesma paragem da ida, junto da barragem da Aguieira. Aqui alguém se lembrou de fazer uma inspecção mais aturada à situação, tendo descoberto a origem de tal miar. Era mesmo um gato que se tinha refugiado no quentinho das longarinas do autocarro…

Perguntas e Respostas

Quem dirige e ensaia o grupo?
Continua a ser Arlindo Pinto Sequeira, actual presidente da Junta de Freguesia de Resende. Foi alfaiate, cumpriu serviço militar em Angola (1965-67), foi empregado d’ “Os Valentes”, trabalhou no Externato D. Afonso Henriques, vindo a terminar a sua carreira profissional na Escola Preparatória em 2002, onde exerceu as funções de auxiliar de acção educativa e ecónomo durante 26 anos. Com apenas a 4.ª classe e sem qualquer formação musical, é autor das letras e músicas de todo o reportório, que é enriquecido anualmente com uma nova cantiga.

Quantos elementos tem?
Cerca de 35/40, integrando executantes de diversos instrumentos musicais (acordeão, viola, reco-reco, bombo, pandeireta e ferrinhos), cantadores e vários pares dançantes.

Onde e quando ensaiam?
Inicialmente ensaiavam na Escola Preparatória, actual Escola Básica do 2.º Ciclo. Actualmente os ensaios decorrem às segundas-feiras à noite, num espaço da sede da Junta de Freguesia de Resende.

Que outras actividades desenvolve?
Desenvolve a aprendizagem de instrumentos musicais para jovens e organiza várias actividades de convívio, algumas das quais abertas à população (ceia de Natal, magusto de S. Martinho, sardinhada pelo S. João e passeio anual).

Contacto: Arlindo Sequeira, Telem: 917 393 926
*Apontamento escrito por Marinho Borges, publicado no Jornal de Resende, número de Outubro de 2009

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