Há 64 anos um dos maiores realizadores portugueses de então produziu um documentário sobre as Caldas de Aregos. Estávamos em 1945, no final da 2.ª Guerra Mundial, e, apesar da crise mundial, nas Caldas de Aregos acabara de se construir um moderno e funcional balneário termal, um dos melhores da Península Ibérica. Este documentário acabaria por nunca ser exibido e divulgado no concelho de Resende. E porquê? Porque a sua função era promover e divulgar as Caldas de Aregos, o concelho de Resende e o próprio Douro, noutras regiões do País, nomeadamente na capital.
Hoje regressa ao local de origem para ser visto e para documentar uma época importante da história do nosso concelho, na qual as Caldas de Aregos e as suas Termas eram uma referência, um local de excelência, no Douro, no país e por que não dizê-lo a nível internacional.
No âmbito das pesquisas efectuadas para o livro “Douro – Memórias das Caldas de Aregos” eu e o Pedro Ferreira tivemos conhecimento da existência deste documentário. De imediato, procurámos o seu rasto e encontrámo-lo na Cinemateca Nacional onde os negativos originais, em suporte de nitrato de prata, se encontravam em avançado estado de deterioração. A sua preservação e conversão em suporte fílmico contemporâneo, vulgo DVD, implicava custos avultados, apesar de se tratar de um documentário com apenas cerca de 10 minutos (só os negativos totalizavam 258 metros!!!). Chegámos a um acordo com a Cinemateca Nacional através do qual o Clube Náutico das Caldas de Aregos e aquela Instituição repartiam os custos da sua recuperação.
(Não quero deixar passar esta oportunidade para, num momento como este, referir que na ocasião a Câmara Municipal de Resende, através do Senhor Presidente António Borges, o Padre Joaquim Correia Duarte, o Sr. Jorge Saraiva e o Dr.º Marinho Borges disponibilizaram-se para o comparticipar financeiramente. Não o aceitamos. Não por uma razão de sobranceria mas porque entendemos que as colectividades devem, sempre que possível, financiar as suas próprias actividades e deixar de recorrer ao subsídio para tudo e mais alguma coisa. O Clube Náutico das Caldas de Aregos, com o apoio da Câmara Municipal de Resende ao livro “Douro Memórias das Caldas de Aregos”, encontrou essa disponibilidade financeira, mas agradece a todos aqueles que se mostraram disponíveis em ajudar-nos.)
O documentário encontra-se entre nós. Com um pouco de sorte à mistura, diga-se de passagem, uma vez que alguns destes documentários, feitos em grande número na época, foram destruídos de modo a aproveitar o nitrato de prata, posteriormente vendido a países como a Alemanha para alimentar a sua máquina da guerra.
A primeira legislação para o sector do cinema da Ditadura Nacional foi publicada em Diário de Governo, a 6 de Maio de 1927. O decreto n.º 13564 determinava, no artigo 136º: «Torna-se obrigatória, em todos os espectáculos cinematográficos, a exibição duma película de indústria portuguesa com um mínimo de 100 metros, que deverá ser mudada todas as semanas, e, sempre que seja possível, apresentada alternadamente, de paisagem e de argumento e interpretação portuguesa».
Era a lei dos cem metros, um diploma proteccionista que tinha por objectivo auxiliar e desenvolver a nossa precária indústria fílmica; tornar conhecido o país, através dum sistemático registo de imagens e respectiva projecção.
Armando de Miranda (Portimão, 16 de Novembro de 1904 – Brasil, 1971), algarvio de gema, destacado jornalista da época, aproveitaria esta lei para se lançar na realização de documentários, a exibir antes do filme de fundo de cada sessão. Na década de 40, época de ouro do cinema português, é já um dos mais destacados cineastas portugueses, destacando-se na realização de filmes como “José do Telhado” (1945), saga popular e grande êxito de bilheteira, e “Capas Negras” (1947), que lançaria Amália Rodrigues nas lides cinematográficas.
E é precisamente nesta época que é estreado no Politeama, em Lisboa, em 16 de Janeiro de 1946 o documentário “Caldas de Aregos – 1945”, de Armando de Miranda, um exclusivo Triunfo para Produtores Associados, antecedendo o filme “José do Telhado” do mesmo realizador.
Não será de estranhar que a Junta de Turismo das Caldas de Aregos e a Companhia das Águas das Caldas de Aregos quisessem promover e divulgar o novo balneário termal, com o projecto de construção aprovado em 1944 e concluído e equipado em 1946. Era uma construção ao gosto monumental do Estado Novo, que se desenvolvia em forma de L, com dois piso – no piso térreo encontrava-se a buvete num átrio amplo, os consultórios médicos e as instalações para os tratamentos otorrinolarinológicos, inalações individuais e colectivas e irrigações nasais com as respectivas salas de abafo e aplicações de lamas, no piso superior estavam os banhos de imersão e duches. As Caldas tinham então uma frequência de 2000 aquistas/ano.
É isto que o documentário reproduz, mas não só… outros locais do concelho, como o Penedo de S. João, Cárquere, Barrô, e da região são retratados como iremos ter oportunidade de ver e ouvir.
Para concluir um agradecimento especial, meu e do Pedro Ferreira, às direcções do Clube Náutico das Caldas de Aregos: à anterior, dirigida por Fernando Almeida, e a actual, dirigida por Jorge Cardoso.
Hoje regressa ao local de origem para ser visto e para documentar uma época importante da história do nosso concelho, na qual as Caldas de Aregos e as suas Termas eram uma referência, um local de excelência, no Douro, no país e por que não dizê-lo a nível internacional.
No âmbito das pesquisas efectuadas para o livro “Douro – Memórias das Caldas de Aregos” eu e o Pedro Ferreira tivemos conhecimento da existência deste documentário. De imediato, procurámos o seu rasto e encontrámo-lo na Cinemateca Nacional onde os negativos originais, em suporte de nitrato de prata, se encontravam em avançado estado de deterioração. A sua preservação e conversão em suporte fílmico contemporâneo, vulgo DVD, implicava custos avultados, apesar de se tratar de um documentário com apenas cerca de 10 minutos (só os negativos totalizavam 258 metros!!!). Chegámos a um acordo com a Cinemateca Nacional através do qual o Clube Náutico das Caldas de Aregos e aquela Instituição repartiam os custos da sua recuperação.
(Não quero deixar passar esta oportunidade para, num momento como este, referir que na ocasião a Câmara Municipal de Resende, através do Senhor Presidente António Borges, o Padre Joaquim Correia Duarte, o Sr. Jorge Saraiva e o Dr.º Marinho Borges disponibilizaram-se para o comparticipar financeiramente. Não o aceitamos. Não por uma razão de sobranceria mas porque entendemos que as colectividades devem, sempre que possível, financiar as suas próprias actividades e deixar de recorrer ao subsídio para tudo e mais alguma coisa. O Clube Náutico das Caldas de Aregos, com o apoio da Câmara Municipal de Resende ao livro “Douro Memórias das Caldas de Aregos”, encontrou essa disponibilidade financeira, mas agradece a todos aqueles que se mostraram disponíveis em ajudar-nos.)
O documentário encontra-se entre nós. Com um pouco de sorte à mistura, diga-se de passagem, uma vez que alguns destes documentários, feitos em grande número na época, foram destruídos de modo a aproveitar o nitrato de prata, posteriormente vendido a países como a Alemanha para alimentar a sua máquina da guerra.
A primeira legislação para o sector do cinema da Ditadura Nacional foi publicada em Diário de Governo, a 6 de Maio de 1927. O decreto n.º 13564 determinava, no artigo 136º: «Torna-se obrigatória, em todos os espectáculos cinematográficos, a exibição duma película de indústria portuguesa com um mínimo de 100 metros, que deverá ser mudada todas as semanas, e, sempre que seja possível, apresentada alternadamente, de paisagem e de argumento e interpretação portuguesa».
Era a lei dos cem metros, um diploma proteccionista que tinha por objectivo auxiliar e desenvolver a nossa precária indústria fílmica; tornar conhecido o país, através dum sistemático registo de imagens e respectiva projecção.
Armando de Miranda (Portimão, 16 de Novembro de 1904 – Brasil, 1971), algarvio de gema, destacado jornalista da época, aproveitaria esta lei para se lançar na realização de documentários, a exibir antes do filme de fundo de cada sessão. Na década de 40, época de ouro do cinema português, é já um dos mais destacados cineastas portugueses, destacando-se na realização de filmes como “José do Telhado” (1945), saga popular e grande êxito de bilheteira, e “Capas Negras” (1947), que lançaria Amália Rodrigues nas lides cinematográficas.
E é precisamente nesta época que é estreado no Politeama, em Lisboa, em 16 de Janeiro de 1946 o documentário “Caldas de Aregos – 1945”, de Armando de Miranda, um exclusivo Triunfo para Produtores Associados, antecedendo o filme “José do Telhado” do mesmo realizador.
Não será de estranhar que a Junta de Turismo das Caldas de Aregos e a Companhia das Águas das Caldas de Aregos quisessem promover e divulgar o novo balneário termal, com o projecto de construção aprovado em 1944 e concluído e equipado em 1946. Era uma construção ao gosto monumental do Estado Novo, que se desenvolvia em forma de L, com dois piso – no piso térreo encontrava-se a buvete num átrio amplo, os consultórios médicos e as instalações para os tratamentos otorrinolarinológicos, inalações individuais e colectivas e irrigações nasais com as respectivas salas de abafo e aplicações de lamas, no piso superior estavam os banhos de imersão e duches. As Caldas tinham então uma frequência de 2000 aquistas/ano.
É isto que o documentário reproduz, mas não só… outros locais do concelho, como o Penedo de S. João, Cárquere, Barrô, e da região são retratados como iremos ter oportunidade de ver e ouvir.
Para concluir um agradecimento especial, meu e do Pedro Ferreira, às direcções do Clube Náutico das Caldas de Aregos: à anterior, dirigida por Fernando Almeida, e a actual, dirigida por Jorge Cardoso.
*Proferido pelo Dr. Paulo Sequeira, em 07-08-2009, no Pavilhão Multiusos de Caldas de Aregos
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