É uma honra e um privilégio poder estar presente nesta sessão de apresentação do Livro do Professor Doutor Aires Nascimento – Nuno de Santa Maria, Fragmentos de Memória Persistente.
Conforme resulta da investigação do autor constante de um dos ensaios, Nuno Álvares Pereira nasceu em 25 de Junho de 1360, pelo que estamos a comemorar os 650 anos do seu nascimento.
Tal como para o autor, também para mim “há circunstâncias particularmente influentes na construção de afectos. A de lugar toca-nos particularmente, sobretudo quando a ele nos prende a devoção, a piedade e um imaginário que se desenvolve em torno da figura de um herói com quem entramos em relação mais frequente por se dizer ligado ao local onde vivemos parte da vida (que despontava e conduziu as escolhas decisivas) e nos descobrimos também na rememoração da história pátria”.
Em Cernache do Bonjardim, estive em 6 de Junho de 1960 aquando da celebração dos 600 anos do nascimento de São Nuno.
Posteriormente, estive na Escola Prática de Infantaria de que D. Nuno ainda é o patrono.
Ontem, 24 de Junho que é suposto ser a data oficial dos 650 anos do seu nascimento, verifiquei que só em Cernache do Bonjardim foi celebrada a efeméride com a presença do Chefe da Casa Militar do Senhor Presidente da República e, evidentemente, com a representação da Escola Prática de Infantaria.
E quanto a comemorações oficiais parece que nada mais há, a não ser um concurso da Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação, que, ao que parece, teve muitos concorrentes e cujos resultados serão apresentados no próximo dia 30 de Junho.
O concurso intitulado “Vamos Contar a História de Nuno Álvares Pereira” tem por objectivo a realização de trabalhos de natureza diversa que contribuam para promover o estudo alargado desta figura multifacetada (D. Nuno), o conhecimento da sua acção como protagonista dos fenómenos históricos do tempo em que viveu e a sua projecção ao longo de diferentes épocas.
Conforme é referido na justificação do concurso, D. Nuno é “personagem da nossa memória colectiva, que desde muito cedo mereceu a atenção de vários sectores da sociedade portuguesa, como se pode constatar, nomeadamente, através de numerosos textos escritos desde o século XV (a Crónica de D. João I, de Fernão Lopes e a Crónica do Condestabre, texto anónimo), às múltiplas obras dos tempos actuais, bem como na poesia portuguesa de Camões e Pessoa”.
Quando se refere às obras dos tempos actuais, julgo que tem em conta a investigação feita pelo Professor Aires Nascimento nos 10 ensaios constantes do Livro “Nuno de Santa Maria – Fragmentos de Memória Persistente”.
A persistência do Presidente da Associação Regina Mundi, José dos Santos Ponciano, fez com que dos dois ensaios iniciais ainda publicados antes da canonização de S. Nuno de Santa Maria em 26 de Abril de 2009, resultassem mais oito e a introdução que fazem parte do presente livro.
Tenho que saudar o meu amigo José Domingues dos Santos Ponciano por ter desafiado o Professor Aires Nascimento para este projecto que julgo, conforme resulta do livro, que aceitou o desafio com todo o prazer e pôs em funcionamento todas as suas capacidades e talento de professor universitário, académico e investigador.
Como sabem, o Professor Aires Nascimento é licenciado em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras de Lisboa e é seu professor catedrático (actualmente jubilado) desde 1985.
Ao longo da sua brilhante e profícua carreira desempenhou várias funções universitárias, desde coordenador do Departamento de Estudos Clássicos daquela Faculdade, Vice-Presidente do seu Conselho Científico e Pró-Reitor da Universidade de Lisboa.
É membro das mais diversas instituições científicas nacionais e estrangeiras incluindo a Academia das Ciências de Lisboa, a Academia Portuguesa de História, a SISMEL, de Florença, a ISIEME, de Roma, a Academia de Bones Lletres, da Catalunha, etc, etc.
Foi durante 25 anos Director da revista de Filologia Clássica “Euphrosyne” e 15 anos Director do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa. Pertence ao Conselho Científico de diversas revistas científicas (nacionais e estrangeiras).
Dirigiu projectos científicos em colaboração com instituições universitárias, assegurando o ensino de diversas disciplinas (no domínio dos Estudos Clássicos, Grego e Latim), iniciou em Portugal o estudo da tradição dos textos e do livro manuscrito (Filologia, Codicologia, Tratamento Electrónico de Textos).
No seu currículo científico destacam-se edições críticas de textos latinos medievais de tradição portuguesa (30 monografias), estudos filológicos e literários com incidência maior no domínio medieval ou renascentista (c. 300 artigos), estudos críticos (em recensões e pareceres científicos).
Entre os prémios com que foi distinguido conta-se o Grande Prémio de Tradução pela tradução da Utopia de Tomás Moro (Prémio União Latina e FCT). Pelo mesmo trabalho recebeu também Prémio de Tradução do PEN Club.
O que disse vem na capa do livro mas quis destacar o último ponto relativo à tradução de Utopia de Tomás Moro por me parecer haver uma certa coincidência entre Tomás Moro e D. Nuno Álvares Pereira. Ambos foram políticos e são santos. S. Tomás Moro foi designado por João Paulo II como patrono dos políticos. Por sua vez, do livro do Professor Aires Nascimento, da personalidade de S. Nuno de Santa Maria são destacadas as suas virtudes humanas e morais (virtudes com o significado de excelência, conforme é referido pelo autor) mais do que aquelas que é costume destacar na biografia de um santo.
As virtudes, chamadas virtudes cardiais: prudência, justiça, fortaleza e temperança que já os filósofos gregos consideravam como fundamentais e, por isso, cardiais, são realçadas quer no “Sumário que o Infante (D. Duarte) deu a Mestre Francisco para pregar do Condestabre Dom Nuno Alvarez Pereyra”, quer na oração que o Infante D. Pedro fez em 1437 e que o autor traduziu e que é distribuído com o livro: D. Nuno é modelo de governantes, exemplo dos senhores, espelho de contemplativos, firme e forte em combate, comedido e apiedado na vitória, justo e misericordioso na paz, obediente e forte no claustro. Em toda a situação se afirmou com dignidade e brio e assim como nos seus dias de vida alcançou honra e glória assim também é merecedor de alcançar no céu a eterna bem-aventurança.
Por que é um académico e investigador, os ensaios constantes do livro não podiam deixar de ser, como o são, produto de uma rigorosa e fundamentada investigação.
O ensaio sobre a antiguidade do culto de S. Nuno levou o autor até Parma para poder in loco verificar na Biblioteca Palatina de Parma o manuscrito litúrgico nela conservado e que seria o primeiro testemunho litúrgico do culto a S. Nuno de Santa Maria.
A vasta cultura do autor permite também que sejam analisados em pormenor a importância de D. Nuno Álvares Pereira nos Lusíadas ou na Mensagem de Fernando Pessoa.
O facto de o autor também ser considerado o maior codicologista português e um dos maiores da Europa e ter sido Presidente do Instituto Português de Arquivos permitiu que muitos documentos históricos que se encontram citados no original e, sobretudo, que no livro se encontrem ilustrações, iluminuras e ícones que muito provavelmente não se encontrarão em mais livro nenhum.
Sei que o Professor Aires Nascimento acompanhou toda a edição do livro e escolheu as ilustrações que o acompanham.
Por isso, além do mais, o livro hoje apresentado é um livro belo.
Não se trata de uma hagiografia tradicional ou vulgar, pois como se disse, mais do que as virtudes tradicionais dos santos, são relevadas as virtudes humanas, morais e intelectuais dos homens, neste caso de D. Nuno Álvares Pereira.
Não é um livro fácil, pois, apesar do esforço, o Professor Aires Nascimento rege-se pelo princípio de que não vale a pena fazer seja o que for se não for bem feito. E o Professor, o Académico e o Investigador estão sempre presentes no que faz e no que escreve.
Eu li com muito prazer e proveito o livro “Nuno de Santa Maria – Fragmentos de Memória Persistente”. Espero que os presentes tenham o mesmo prazer intelectual de o ler como eu tive.
*Em sessão que decorreu no Casino da Figueira da Foz, em 2010-06-25
Conforme resulta da investigação do autor constante de um dos ensaios, Nuno Álvares Pereira nasceu em 25 de Junho de 1360, pelo que estamos a comemorar os 650 anos do seu nascimento.
Tal como para o autor, também para mim “há circunstâncias particularmente influentes na construção de afectos. A de lugar toca-nos particularmente, sobretudo quando a ele nos prende a devoção, a piedade e um imaginário que se desenvolve em torno da figura de um herói com quem entramos em relação mais frequente por se dizer ligado ao local onde vivemos parte da vida (que despontava e conduziu as escolhas decisivas) e nos descobrimos também na rememoração da história pátria”.
Em Cernache do Bonjardim, estive em 6 de Junho de 1960 aquando da celebração dos 600 anos do nascimento de São Nuno.
Posteriormente, estive na Escola Prática de Infantaria de que D. Nuno ainda é o patrono.
Ontem, 24 de Junho que é suposto ser a data oficial dos 650 anos do seu nascimento, verifiquei que só em Cernache do Bonjardim foi celebrada a efeméride com a presença do Chefe da Casa Militar do Senhor Presidente da República e, evidentemente, com a representação da Escola Prática de Infantaria.
E quanto a comemorações oficiais parece que nada mais há, a não ser um concurso da Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação, que, ao que parece, teve muitos concorrentes e cujos resultados serão apresentados no próximo dia 30 de Junho.
O concurso intitulado “Vamos Contar a História de Nuno Álvares Pereira” tem por objectivo a realização de trabalhos de natureza diversa que contribuam para promover o estudo alargado desta figura multifacetada (D. Nuno), o conhecimento da sua acção como protagonista dos fenómenos históricos do tempo em que viveu e a sua projecção ao longo de diferentes épocas.
Conforme é referido na justificação do concurso, D. Nuno é “personagem da nossa memória colectiva, que desde muito cedo mereceu a atenção de vários sectores da sociedade portuguesa, como se pode constatar, nomeadamente, através de numerosos textos escritos desde o século XV (a Crónica de D. João I, de Fernão Lopes e a Crónica do Condestabre, texto anónimo), às múltiplas obras dos tempos actuais, bem como na poesia portuguesa de Camões e Pessoa”.
Quando se refere às obras dos tempos actuais, julgo que tem em conta a investigação feita pelo Professor Aires Nascimento nos 10 ensaios constantes do Livro “Nuno de Santa Maria – Fragmentos de Memória Persistente”.
A persistência do Presidente da Associação Regina Mundi, José dos Santos Ponciano, fez com que dos dois ensaios iniciais ainda publicados antes da canonização de S. Nuno de Santa Maria em 26 de Abril de 2009, resultassem mais oito e a introdução que fazem parte do presente livro.
Tenho que saudar o meu amigo José Domingues dos Santos Ponciano por ter desafiado o Professor Aires Nascimento para este projecto que julgo, conforme resulta do livro, que aceitou o desafio com todo o prazer e pôs em funcionamento todas as suas capacidades e talento de professor universitário, académico e investigador.
Como sabem, o Professor Aires Nascimento é licenciado em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras de Lisboa e é seu professor catedrático (actualmente jubilado) desde 1985.
Ao longo da sua brilhante e profícua carreira desempenhou várias funções universitárias, desde coordenador do Departamento de Estudos Clássicos daquela Faculdade, Vice-Presidente do seu Conselho Científico e Pró-Reitor da Universidade de Lisboa.
É membro das mais diversas instituições científicas nacionais e estrangeiras incluindo a Academia das Ciências de Lisboa, a Academia Portuguesa de História, a SISMEL, de Florença, a ISIEME, de Roma, a Academia de Bones Lletres, da Catalunha, etc, etc.
Foi durante 25 anos Director da revista de Filologia Clássica “Euphrosyne” e 15 anos Director do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa. Pertence ao Conselho Científico de diversas revistas científicas (nacionais e estrangeiras).
Dirigiu projectos científicos em colaboração com instituições universitárias, assegurando o ensino de diversas disciplinas (no domínio dos Estudos Clássicos, Grego e Latim), iniciou em Portugal o estudo da tradição dos textos e do livro manuscrito (Filologia, Codicologia, Tratamento Electrónico de Textos).
No seu currículo científico destacam-se edições críticas de textos latinos medievais de tradição portuguesa (30 monografias), estudos filológicos e literários com incidência maior no domínio medieval ou renascentista (c. 300 artigos), estudos críticos (em recensões e pareceres científicos).
Entre os prémios com que foi distinguido conta-se o Grande Prémio de Tradução pela tradução da Utopia de Tomás Moro (Prémio União Latina e FCT). Pelo mesmo trabalho recebeu também Prémio de Tradução do PEN Club.
O que disse vem na capa do livro mas quis destacar o último ponto relativo à tradução de Utopia de Tomás Moro por me parecer haver uma certa coincidência entre Tomás Moro e D. Nuno Álvares Pereira. Ambos foram políticos e são santos. S. Tomás Moro foi designado por João Paulo II como patrono dos políticos. Por sua vez, do livro do Professor Aires Nascimento, da personalidade de S. Nuno de Santa Maria são destacadas as suas virtudes humanas e morais (virtudes com o significado de excelência, conforme é referido pelo autor) mais do que aquelas que é costume destacar na biografia de um santo.
As virtudes, chamadas virtudes cardiais: prudência, justiça, fortaleza e temperança que já os filósofos gregos consideravam como fundamentais e, por isso, cardiais, são realçadas quer no “Sumário que o Infante (D. Duarte) deu a Mestre Francisco para pregar do Condestabre Dom Nuno Alvarez Pereyra”, quer na oração que o Infante D. Pedro fez em 1437 e que o autor traduziu e que é distribuído com o livro: D. Nuno é modelo de governantes, exemplo dos senhores, espelho de contemplativos, firme e forte em combate, comedido e apiedado na vitória, justo e misericordioso na paz, obediente e forte no claustro. Em toda a situação se afirmou com dignidade e brio e assim como nos seus dias de vida alcançou honra e glória assim também é merecedor de alcançar no céu a eterna bem-aventurança.
Por que é um académico e investigador, os ensaios constantes do livro não podiam deixar de ser, como o são, produto de uma rigorosa e fundamentada investigação.
O ensaio sobre a antiguidade do culto de S. Nuno levou o autor até Parma para poder in loco verificar na Biblioteca Palatina de Parma o manuscrito litúrgico nela conservado e que seria o primeiro testemunho litúrgico do culto a S. Nuno de Santa Maria.
A vasta cultura do autor permite também que sejam analisados em pormenor a importância de D. Nuno Álvares Pereira nos Lusíadas ou na Mensagem de Fernando Pessoa.
O facto de o autor também ser considerado o maior codicologista português e um dos maiores da Europa e ter sido Presidente do Instituto Português de Arquivos permitiu que muitos documentos históricos que se encontram citados no original e, sobretudo, que no livro se encontrem ilustrações, iluminuras e ícones que muito provavelmente não se encontrarão em mais livro nenhum.
Sei que o Professor Aires Nascimento acompanhou toda a edição do livro e escolheu as ilustrações que o acompanham.
Por isso, além do mais, o livro hoje apresentado é um livro belo.
Não se trata de uma hagiografia tradicional ou vulgar, pois como se disse, mais do que as virtudes tradicionais dos santos, são relevadas as virtudes humanas, morais e intelectuais dos homens, neste caso de D. Nuno Álvares Pereira.
Não é um livro fácil, pois, apesar do esforço, o Professor Aires Nascimento rege-se pelo princípio de que não vale a pena fazer seja o que for se não for bem feito. E o Professor, o Académico e o Investigador estão sempre presentes no que faz e no que escreve.
Eu li com muito prazer e proveito o livro “Nuno de Santa Maria – Fragmentos de Memória Persistente”. Espero que os presentes tenham o mesmo prazer intelectual de o ler como eu tive.
*Em sessão que decorreu no Casino da Figueira da Foz, em 2010-06-25
Sem comentários:
Enviar um comentário