quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Carlos Coelho/Autor de letras e produtor musical de festivais da canção

Meio familiar e escolar

Filho de Manuel Coelho e de Maria Elisa Ferreira, nasceu em 1981 na vila de Resende, integrando uma família numerosa. Tem mais dois irmãos e três irmãs, uma delas sua irmã gémea. O pai, conhecido por Sr. Coelho, reformado da Câmara Municipal, é uma figura popular, sobretudo nos meios ligados ao Grupo Desportivo local. A mãe é funcionária no Externato D. Afonso Henriques. À excepção de um irmão, oficial de justiça do Tribunal de Baião, que vive em Resende, os restantes quatro (dois médicos, uma enfermeira e uma jornalista) vivem actualmente no Porto.

Guarda óptimas recordações da meninice e adolescência. Enquanto os pais trabalhavam, ficava em casa dos avós paternos. O avô era detentor de uma pedagogia especial no tocante ao acompanhamento dos trabalhos escolares, o que lhe permitiu consolidar bem as aprendizagens do 1.º ciclo. Só guarda uma mágoa dos primeiros anos da escolaridade: a pouca importância dada ao desenho, de que tanto gostava.

Frequentou a então chamada Escola Preparatória, onde fez o 5.º e 6.º ano, mudando-se a seguir para o Externato, onde frequentou o 3.º ciclo e o ensino secundário. Em todas as turmas ao longo da escolaridade, teve sempre por colega a sua irmã gémea.

Embora muito bom aluno em todas as disciplinas, nunca foi considerado um “marrão”. Sempre fez questão em participar, desde o 5.º ano, em jogos florais, saraus, festas de escola, concursos e outras iniciativas lúdicas e culturais. Pintava cartazes, fazia cenários, escolhia poemas e músicas e até escrevia peças de teatro. Gostava de inventar jogos. Contudo, a representação em palco nunca foi o seu forte, preferindo escolher os colegas certos para o efeito.


Prémios escolares

Além dos estudos que não descurava, sempre cultivou um interesse especial pelo desenho, fotografia, escrita e música, embora reconheça não ter dotes vocais. A participação em concursos nacionais valeu-lhe ter ganho vários primeiros lugares. Assim, aos 13 anos, consegue arrebatar o 1.º prémio num concurso de banda desenhada, aos 14 anos, vence um concurso literário em língua inglesa e, aos 16 anos, fica em primeiro lugar num concurso de fotografia para jovens.

Hesitações e opção por psicologia

Como tinha boas notas a todas as disciplinas, a escolha do curso superior tornou-se difícil. Como possibilidades, foi colocando arquitectura, psicologia, biologia e física. A inscrição em arquitectura na Universidade do Porto exigia a disciplina de geometria descritiva, que não integrava a oferta disponibilizada pelo Externato na área de estudos científico-naturais. Por isso, na falta de certezas, e para não perder oportunidades, fez esta disciplina de forma autodidacta no 12.º ano. No fim desse ano, talvez para justificar o esforço dispendido, candidatou-se ao curso de arquitectura, tendo feito o 1.º ano. Após esta experiência, devido à natureza muito solitária da profissão de arquitecto (não se imaginava uma vida inteira num gabinete a fazer projectos), resolveu abraçar o curso de psicologia, cuja opção também sempre o acompanhou. Em 2005, termina o respectivo curso na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. O estágio curricular e profissional na Junta de Freguesia de Baguim do Monte (Gondomar) permitiu-lhe a articulação de saberes e o contacto com problemas sociais, tendo a sua intervenção passado por problemas de aprendizagem e de comportamento de crianças, abandono escolar e educação familiar. Esta experiência foi decisiva na opção profissional pela intervenção nesta área sob a perspectiva clínica, tendo para isso aberto um gabinete de psicologia no Porto há cerca de um ano.

Cursos de língua gestual e psicologia do amor

Sempre a fervilhar de ideias, dedica também algum do seu tempo a organizar cursos que respondam às necessidades das pessoas, dotando-as de determinadas ferramentas, como a aprendizagem da língua gestual, ou às exigências culturais de alguns estratos profissionais e sociais da população, através da oferta do aprofundamento de temas como psicofarmacologia, psicologia da timidez, psicologia do dinheiro, psicologia do amor, psicologia da religião, psicologia da morte…O seu objectivo é pegar em muitos dos assuntos de “café”, muito apelativos, mas debatidos na base de evidências, lugares comuns e palpites, apresentando-os sob a perspectiva do registo e do discurso científico.

Autor de letras e produtor musical para festivais da canção

O seu gosto por festivas da canção vem de longe. A capacidade para a escrita foi desde os primeiros anos de escola um dado adquirido. Foi, por isso, alimentando o sonho de escrever poemas para canções. Ainda estudante de psicologia, em 2004, achou que era tempo de concretizar esta ideia. Foi compondo canções para as quais ia concebendo a respectiva música que cantarolava para amigos, que procuravam fazer a respectiva tradução e composição no plano musical. Nesse mesmo ano, procurou concorrer ao Festival RTP da Canção, mas o prazo tinha terminado. Como na Lituânia as candidaturas ainda estavam abertas, apresentou uma canção em inglês, tendo ganho o Prémio do Olympic Casino de Vilnius para a melhor canção.

A partir daí, nunca mais parou, escrevendo e traduzindo canções em inglês, castelhano, francês e português. Ainda em 2004, é convidado pela banda letã Fomins & Kleins para escrever a versão portuguesa da sua canção “Dziesma par laimi”, que seria a representante da Letónia no Festival da Eurovisão desse ano. Em 2005, volta a participar como autor e produtor no Festival da Canção da Lituânia, ganhando o Prémio da Rádio Nacional deste país para a melhor canção a concurso. Em 2006, começa a trabalhar com Andrej Babic (compositor croata que já viu 3 temas seus no Festival da Eurovisão) e a produzir para vários intérpretes de vários países. Em 2007, produz e assina com Andrej Babic o tema que ficaria em 2.º lugar na selecção da canção de Andorra para a Eurovisão. Ainda em 2007, faz parte da equipa que produziu a canção da Eslovénia na Eurovisão, assinando também a versão castelhana da canção. Além das parcerias mencionadas, já trabalhou com mais artistas desses e de outros países, como a Finlândia, Moldávia e Itália.

Convite da RTP e percurso para o êxito

Sabedor das regras do jogo, isto é, que as dez canções a concurso ao Festival da Canção decorriam mediante convite, apresentou previamente o seu currículo à RTP. Insistindo e realçando os seus pergaminhos junto da equipa responsável, o convite chegou. Depois foi o que se sabe. Com a canção “Senhora do Mar”, com música de Andrej Babic e interpretação de Vânia Fernandes, vence de forma confortável a 44.ª edição do certame de entre um conjunto de dez canções, através do processo de tele-voto. Em Belgrado, ficou em 2.º lugar na 2.ª semi-final (em concurso estavam 43 países) e na final, na qual Portugal estivera pela última vez em 2003, ficou em 13.º lugar no conjunto de 25 países. Foi a canção favorita da imprensa, tendo obtido o 1.º lugar na votação dos cerca de 3.000 jornalistas presentes. Venceu, pois, uma canção com um tema estruturalmente português e lastro de evocação épica, que evoca o mar, a saudade e o fado.

Perguntas e Respostas

Foi objecto de alguma homenagem em Resende?

Recentemente, a Câmara Municipal aprovou por unanimidade um voto de louvor pelos sucessos alcançados por este nosso conterrâneo.

Que se entende por produtor musical?

No caso vertente do Festival da Canção, é o responsável pela apresentação da letra e música (inéditas) e pela escolha do respectivo intérprete. Carlos Coelho indicou também o tipo e cor do vestido de Vânia Fernandes ( vestido preto evocando o fado e com brincos em filigrana em estilo bem português) e a roupa dos elementos do coro (vestes brancas a fazer lembrar a bruma e espuma das ondas do mar) e outros adereços, fazendo questão de a canção integrar instrumentos e sons portugueses. No fundo, o produtor funciona como o arquitecto do espectáculo.

Qual é o projecto/sonho de Carlos Coelho?

Sem prejuízo da dedicação à psicologia (que pretende repartir com um outro colega), pretende abrir uma casa criativa de canções, oferecendo “fatos por medida” aos clientes. Serão disponibilizados aos cantores as letras e músicas que mais se adaptem aos respectivos estilos, responsabilizando-se também pela produção de CD’s, espectáculos e gestão de carreiras.

Contacto:

Telefone: 222 012 572 (Centro de Psicologia do Norte)

E-mail: carlos_alberto_coelho@hotmail.com

Nota: Este apontamento, de minha autoria, foi escrito para o Jornal de Resende (Julho de 2008)

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