Emoções ante a nomeação para Bispo e facetas de uma vida
Os colegas padres da diocese de Vila Real e alguns leigos brincavam com ele sobre a hipótese de ser bispo. “Eram brincadeiras, mas não passavam disso”, como referiu à Agência Ecclesia a propósito do relato da vivência dos dias passados entre o telefonema da Nunciatura Apostólica e a data da sua nomeação, que ocorreu a 27 de Junho passado. No domingo anterior, dia 21, o seu e-mail (datado das 07h43m) tinha um pedido expresso: “ligar para determinado número da Nunciatura Apostólica”. Visualizou a mensagem pelas 22horas, tendo interpretado o que se estava a passar, mas não ligou nesse dia. Como tinha um serviço na manhã do dia seguinte, colocou o telemóvel em modo silencioso, mas “estava continuamente a receber chamadas de um número de Lisboa”. Liberto dos seus compromissos, ligou para o respectivo número cerca das 12h quando caminhava na rua. Embora admita que tenha ficado branco quando recebeu a notícia, o facto de ter lido o e-mail na véspera deu-lhe alguma calma. Seguidamente, fez tudo o que era possível para que nada transparecesse junto dos seus colegas, o que se revelou uma tarefa difícil, pois estava menos falador, não conseguindo concentrar-se devidamente nas tarefas dessa tarde. Como quem advinha, na tarde do dia 23, recebeu um telefonema da sua mãe, que lhe perguntou: “É verdade que vais para bispo?” Finalmente, no dia 24, deslocou-se a Lisboa para falar com o Núncio Apostólico, que contra a sua vontade lhe concedeu pouco tempo para dar uma resposta.
Como padre sempre usou gravata, desconhecendo o que fazer à respectiva colecção, referindo sempre com ar bem disposto que está disponível para oferecer algumas, embora a sua casa de Moumiz tenha muito espaço para as guardar. Passando em revista os seus passatempos e predilecções, refere que gosta muito de corridas de automóveis e já apreciou corridas de motocrosse. Embora vibre pela selecção e tenha sofrido com o futebol na adolescência, prefere não dizer o clube da sua preferência. No domínio da literatura portuguesa, os seus autores preferidos são Miguel Torga e José Régio. Embora confesse “ser um desastre na arte de pintar”, é grande apreciador de pintura e de arte sacra. Gosta de viajar, deslumbrando-se com os monumentos de referência, e de visitar museus. Influenciado pelo ambiente rural de Resende, sente-se tranquilo na natureza e no meio do arvoredo, apreciando sobremaneira os castanheiros e pinheiros.
Entrevista a D. Manuel Linda
Como nasceu o seu desejo de ser padre?
No meu caso, foi um processo lento e absolutamente normal. Aí por alturas da minha quarta classe, era dado assente na minha família que continuaria estudos depois da Escola Primária, como então se dizia. Só faltava saber onde: no Seminário, no Externato de Resende ou no Liceu de Lamego. Chegou-se a pensar nesta última hipótese, pois tinha duas primas no então muito célebre Colégio da Imaculada Conceição. E a ida para essa cidade sempre dava um certo «estatuto».
Curiosamente, as circunstâncias da vida haveriam de me encaminhar para o Seminário de Resende. E, uma vez aí, fui «seguindo». Via que, à medida que os estudos avançavam, alguns colegas desistiam. E quando se tratava de amigos mais chegados, isso «mexia» comigo. Mas nunca vi razão para eu também sair. Pelo contrário: gostava de estudar e sentia-me bem nesse ambiente. A partir da passagem para o Seminário de Lamego, naquilo que hoje seria a transição do Ensino Básico para o Secundário, aí sim, comecei, gradualmente, a colocar a hipótese sacerdotal, cada vez com maior seriedade.
Quem e que circunstâncias o influenciaram para entrar no Seminário?
Dois rapazes de Moumiz, irmãos, ligeiramente mais velhos que eu, frequentavam o Seminário Missionário de Felgueiras (Minho). Nas férias, eu brincava muito com eles. Achava-os diferentes, com um porte distinto. E, sem me dar conta, comecei a identificar-me com a maneira de ser deles. E decidi mesmo que haveria de ir estudar onde eles andavam. Só havia um problema: é que, com o nome de Felgueiras, eu só conhecia a freguesia vizinha, também deste Concelho de Resende. Donde, aliás, ainda me provinham algumas raízes por parte do meu pai.
Fui dizer à minha mãe que já tinha decidido ir com o Joaquim e com o Alfredo –tal era o nome desses colegas de brincadeira. Mas a minha mãe, de forma bem prosaica, sentenciou: “Se queres ir para o Seminário, tens um aqui na nossa terra. Não precisas de ir para tão longe”. E mandou-me falar com o saudoso Padre Manuel Vieira, meu padrinho de Crisma, nessa altura Pároco de Paus. Lá fui. Ele fez o requerimento ao Seminário, fui a estágio, admitiram-me e… e aí está a normalidade do meu percurso.
Como vê, perdeu-se uma vocação missionária e ganhou-se uma diocesana…
Que importância tem tido, no seu percurso de vida, Moumiz, Paus e Resende?
Posso afirmar-lhe que constitui a minha identificação, as minhas raízes, uma espécie de alma cultural ou fisionomia interior. Por isso, sinto-me bem aqui. Falo com quem me aparece à frente. E falo com as pessoas do povo com tanta – ou maior! - naturalidade como quando tenho de me relacionar com «gente importante»: Ministros, Cardeais, Governadores Civis, Professores, etc. E gosto de fazer o que elas fazem, mesmo nas colheitas e outros trabalhos do campo.
Em poucas palavras: este ambiente onde nasci concede-me naturalidade face a um estilo de vida, típico da actual cultura de massas, que corre o risco de se tornar meramente balofa, de ser puramente artificial. Onde está verdadeiramente a vida: num jantar de gala ou numa flor de cerejeira que desponta?
Costuma vir muitas vezes à nossa terra? Que mais o atrai?
Quase sempre semanalmente. Aliás, devo dizer-lhe que, não obstante ter o tempo mais ocupado, agora consigo vir cá mais vezes do que no passado. Será que o passar dos anos nos faz regressar às raízes? Talvez… Mas isso não será a prova de uma sensata sabedoria que nos leva a valorizar as coisas boas e simples da vida, sabedoria essa que faltava quando éramos novos?
Obviamente, para lá do encanto da terra, a grande razão de cá vir são os meus pais. De resto, a casa paterna continua a ser o local aglutinador dos encontros de toda a família: irmãos, cunhadas e sobrinhas. Graças a Deus.
Como avalia a homenagem de que foi alvo?
Como disse em Paus, as acções promovidas pela Paróquia e pela Câmara sensibilizaram-me muito e até me «confundiram». Eu já sabia que as pessoas eram amigas e que se sentiram felizes por um conterrâneo ser eleito bispo, função que, mesmo nos dias de hoje, ainda supõe bastante destaque social. Mas que me tratassem como estão a tratar… isso é que eu não esperava.
Mas há uma coisa que me gera um certo constrangimento interior: que se fale em «homenagem». Homenagem? A mim não. Se for à Igreja, em cujo seio todos nos acolhemos… isso já é outra coisa. Eu prefiro falar em confraternização ou alegria pelas novas funções que me são atribuídas.
Quer dirigir alguma mensagem aos leitores do Jornal de Resende?
Para além de agradecer as manifestações de júbilo e simpatia que me dedicam, três coisas. Quanto à ordenação, dizer que será a 20 de Setembro, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Real, às 16 horas. Se alguém quiser participar, seria uma alegria para mim.
Quanto ao aspecto religioso, apelar aos resendenses que tenham a coragem de manter a fé recebida. Mais que nunca, continua a ser verdade que o homem não vive só de tecnologias, mas precisa de sentido para a vida. Ou, como diria o mestre, que “nem só de pão vive o homem”.
Finalmente, um incentivo à criatividade económica e ao desenvolvimento integral. A nossa terra é mimosa, mas não é rica. Com excepção da cereja – e mesmo esta fica caríssima na apanha - não podemos competir em nada. Então, vamos lá ver se conseguimos criar investimento – pequenas indústrias ou turismo, por exemplo - que gere emprego e favoreça a fixação das populações, mormente os jovens. Se não, teremos cada vez mais uma terra… desertificada. Ou mesmo completamente deserta. A começar por Paus.
Aqui está uma espécie de desafio colectivo para sermos dignos da nossa história multissecular tão rica.
Homenagem pública da Paróquia de S. Pedro de Paus e da Câmara Municipal
D. Manuel Linda assumiu sempre que nada fez para ser homenageado e que via esta iniciativa como um momento de confraternização, de alegria e de acção de graças dos seus conterrâneos por um dos seus filhos ser elevado ao episcopado. A iniciativa partiu do Padre António Loureiro, pároco de Paus, tendo sido desenvolvida em parceria com a Câmara Municipal de Resende que a apoiou e comparticipou financeiramente, assim como a Junta de Freguesia de Paus.
O programa incluiu uma sessão no Auditório Municipal, no dia 22 de Agosto, que foi iniciada com a actuação da tocata do Rancho de Paus, e que teve como ponto alto uma palestra subordinada ao tema “O Bispo na Vida e na História da Igreja”, proferida pelo Cónego João António Pinheiro Teixeira. D. Manuel Linda agradeceu a presença de todos, referindo que a sua ligação a Resende é genética. “Nota-se pelo timbre de voz e pelo sibilar da pronúncia, que nunca fiz por alterar. É a voz de Resende; é a minha certidão de identidade”, afirmou. O Presidente da Câmara interveio também para manifestar a grande alegria e orgulho dos resendenses pela elevação de um dos seus filhos ao episcopado, tendo afirmado “ser este um momento de grande privilégio para a comunidade de Resende”.
No dia 23 de Agosto, domingo, pelas 17h, foi concelebrada uma missa solene no recinto da sede do Rancho de Paus, presidida pelo Bispo de Lamego, D. Jacinto Botelho, a que se associaram 20 sacerdotes, tendo sido abrilhantada por um coro litúrgico de 15 elementos. Foi uma tarde de grande emoção para todos os participantes na cerimónia e sobretudo para D. Manuel Linda, que disse estar confundido com tantas manifestações de carinho dos seus conterrâneos, tendo agradecido a oferta do anel episcopal em ouro maciço por parte da paróquia de Paus e da Câmara Municipal.
O júbilo e apreço dos seus conterrâneos ir-se-ão repetir em 20 de Setembro, dia da ordenação episcopal, que terá lugar na igreja de Nossa Senhora da Conceição (Vila Real), com início às 16h.
*Apontamento e entrevista conduzida por Marinho Borges, publicados no Jornal de Resende (número de Setembro de 2009)
Os colegas padres da diocese de Vila Real e alguns leigos brincavam com ele sobre a hipótese de ser bispo. “Eram brincadeiras, mas não passavam disso”, como referiu à Agência Ecclesia a propósito do relato da vivência dos dias passados entre o telefonema da Nunciatura Apostólica e a data da sua nomeação, que ocorreu a 27 de Junho passado. No domingo anterior, dia 21, o seu e-mail (datado das 07h43m) tinha um pedido expresso: “ligar para determinado número da Nunciatura Apostólica”. Visualizou a mensagem pelas 22horas, tendo interpretado o que se estava a passar, mas não ligou nesse dia. Como tinha um serviço na manhã do dia seguinte, colocou o telemóvel em modo silencioso, mas “estava continuamente a receber chamadas de um número de Lisboa”. Liberto dos seus compromissos, ligou para o respectivo número cerca das 12h quando caminhava na rua. Embora admita que tenha ficado branco quando recebeu a notícia, o facto de ter lido o e-mail na véspera deu-lhe alguma calma. Seguidamente, fez tudo o que era possível para que nada transparecesse junto dos seus colegas, o que se revelou uma tarefa difícil, pois estava menos falador, não conseguindo concentrar-se devidamente nas tarefas dessa tarde. Como quem advinha, na tarde do dia 23, recebeu um telefonema da sua mãe, que lhe perguntou: “É verdade que vais para bispo?” Finalmente, no dia 24, deslocou-se a Lisboa para falar com o Núncio Apostólico, que contra a sua vontade lhe concedeu pouco tempo para dar uma resposta.
Como padre sempre usou gravata, desconhecendo o que fazer à respectiva colecção, referindo sempre com ar bem disposto que está disponível para oferecer algumas, embora a sua casa de Moumiz tenha muito espaço para as guardar. Passando em revista os seus passatempos e predilecções, refere que gosta muito de corridas de automóveis e já apreciou corridas de motocrosse. Embora vibre pela selecção e tenha sofrido com o futebol na adolescência, prefere não dizer o clube da sua preferência. No domínio da literatura portuguesa, os seus autores preferidos são Miguel Torga e José Régio. Embora confesse “ser um desastre na arte de pintar”, é grande apreciador de pintura e de arte sacra. Gosta de viajar, deslumbrando-se com os monumentos de referência, e de visitar museus. Influenciado pelo ambiente rural de Resende, sente-se tranquilo na natureza e no meio do arvoredo, apreciando sobremaneira os castanheiros e pinheiros.
Entrevista a D. Manuel Linda
Como nasceu o seu desejo de ser padre?
No meu caso, foi um processo lento e absolutamente normal. Aí por alturas da minha quarta classe, era dado assente na minha família que continuaria estudos depois da Escola Primária, como então se dizia. Só faltava saber onde: no Seminário, no Externato de Resende ou no Liceu de Lamego. Chegou-se a pensar nesta última hipótese, pois tinha duas primas no então muito célebre Colégio da Imaculada Conceição. E a ida para essa cidade sempre dava um certo «estatuto».
Curiosamente, as circunstâncias da vida haveriam de me encaminhar para o Seminário de Resende. E, uma vez aí, fui «seguindo». Via que, à medida que os estudos avançavam, alguns colegas desistiam. E quando se tratava de amigos mais chegados, isso «mexia» comigo. Mas nunca vi razão para eu também sair. Pelo contrário: gostava de estudar e sentia-me bem nesse ambiente. A partir da passagem para o Seminário de Lamego, naquilo que hoje seria a transição do Ensino Básico para o Secundário, aí sim, comecei, gradualmente, a colocar a hipótese sacerdotal, cada vez com maior seriedade.
Quem e que circunstâncias o influenciaram para entrar no Seminário?
Dois rapazes de Moumiz, irmãos, ligeiramente mais velhos que eu, frequentavam o Seminário Missionário de Felgueiras (Minho). Nas férias, eu brincava muito com eles. Achava-os diferentes, com um porte distinto. E, sem me dar conta, comecei a identificar-me com a maneira de ser deles. E decidi mesmo que haveria de ir estudar onde eles andavam. Só havia um problema: é que, com o nome de Felgueiras, eu só conhecia a freguesia vizinha, também deste Concelho de Resende. Donde, aliás, ainda me provinham algumas raízes por parte do meu pai.
Fui dizer à minha mãe que já tinha decidido ir com o Joaquim e com o Alfredo –tal era o nome desses colegas de brincadeira. Mas a minha mãe, de forma bem prosaica, sentenciou: “Se queres ir para o Seminário, tens um aqui na nossa terra. Não precisas de ir para tão longe”. E mandou-me falar com o saudoso Padre Manuel Vieira, meu padrinho de Crisma, nessa altura Pároco de Paus. Lá fui. Ele fez o requerimento ao Seminário, fui a estágio, admitiram-me e… e aí está a normalidade do meu percurso.
Como vê, perdeu-se uma vocação missionária e ganhou-se uma diocesana…
Que importância tem tido, no seu percurso de vida, Moumiz, Paus e Resende?
Posso afirmar-lhe que constitui a minha identificação, as minhas raízes, uma espécie de alma cultural ou fisionomia interior. Por isso, sinto-me bem aqui. Falo com quem me aparece à frente. E falo com as pessoas do povo com tanta – ou maior! - naturalidade como quando tenho de me relacionar com «gente importante»: Ministros, Cardeais, Governadores Civis, Professores, etc. E gosto de fazer o que elas fazem, mesmo nas colheitas e outros trabalhos do campo.
Em poucas palavras: este ambiente onde nasci concede-me naturalidade face a um estilo de vida, típico da actual cultura de massas, que corre o risco de se tornar meramente balofa, de ser puramente artificial. Onde está verdadeiramente a vida: num jantar de gala ou numa flor de cerejeira que desponta?
Costuma vir muitas vezes à nossa terra? Que mais o atrai?
Quase sempre semanalmente. Aliás, devo dizer-lhe que, não obstante ter o tempo mais ocupado, agora consigo vir cá mais vezes do que no passado. Será que o passar dos anos nos faz regressar às raízes? Talvez… Mas isso não será a prova de uma sensata sabedoria que nos leva a valorizar as coisas boas e simples da vida, sabedoria essa que faltava quando éramos novos?
Obviamente, para lá do encanto da terra, a grande razão de cá vir são os meus pais. De resto, a casa paterna continua a ser o local aglutinador dos encontros de toda a família: irmãos, cunhadas e sobrinhas. Graças a Deus.
Como avalia a homenagem de que foi alvo?
Como disse em Paus, as acções promovidas pela Paróquia e pela Câmara sensibilizaram-me muito e até me «confundiram». Eu já sabia que as pessoas eram amigas e que se sentiram felizes por um conterrâneo ser eleito bispo, função que, mesmo nos dias de hoje, ainda supõe bastante destaque social. Mas que me tratassem como estão a tratar… isso é que eu não esperava.
Mas há uma coisa que me gera um certo constrangimento interior: que se fale em «homenagem». Homenagem? A mim não. Se for à Igreja, em cujo seio todos nos acolhemos… isso já é outra coisa. Eu prefiro falar em confraternização ou alegria pelas novas funções que me são atribuídas.
Quer dirigir alguma mensagem aos leitores do Jornal de Resende?
Para além de agradecer as manifestações de júbilo e simpatia que me dedicam, três coisas. Quanto à ordenação, dizer que será a 20 de Setembro, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Real, às 16 horas. Se alguém quiser participar, seria uma alegria para mim.
Quanto ao aspecto religioso, apelar aos resendenses que tenham a coragem de manter a fé recebida. Mais que nunca, continua a ser verdade que o homem não vive só de tecnologias, mas precisa de sentido para a vida. Ou, como diria o mestre, que “nem só de pão vive o homem”.
Finalmente, um incentivo à criatividade económica e ao desenvolvimento integral. A nossa terra é mimosa, mas não é rica. Com excepção da cereja – e mesmo esta fica caríssima na apanha - não podemos competir em nada. Então, vamos lá ver se conseguimos criar investimento – pequenas indústrias ou turismo, por exemplo - que gere emprego e favoreça a fixação das populações, mormente os jovens. Se não, teremos cada vez mais uma terra… desertificada. Ou mesmo completamente deserta. A começar por Paus.
Aqui está uma espécie de desafio colectivo para sermos dignos da nossa história multissecular tão rica.
Homenagem pública da Paróquia de S. Pedro de Paus e da Câmara Municipal
D. Manuel Linda assumiu sempre que nada fez para ser homenageado e que via esta iniciativa como um momento de confraternização, de alegria e de acção de graças dos seus conterrâneos por um dos seus filhos ser elevado ao episcopado. A iniciativa partiu do Padre António Loureiro, pároco de Paus, tendo sido desenvolvida em parceria com a Câmara Municipal de Resende que a apoiou e comparticipou financeiramente, assim como a Junta de Freguesia de Paus.
O programa incluiu uma sessão no Auditório Municipal, no dia 22 de Agosto, que foi iniciada com a actuação da tocata do Rancho de Paus, e que teve como ponto alto uma palestra subordinada ao tema “O Bispo na Vida e na História da Igreja”, proferida pelo Cónego João António Pinheiro Teixeira. D. Manuel Linda agradeceu a presença de todos, referindo que a sua ligação a Resende é genética. “Nota-se pelo timbre de voz e pelo sibilar da pronúncia, que nunca fiz por alterar. É a voz de Resende; é a minha certidão de identidade”, afirmou. O Presidente da Câmara interveio também para manifestar a grande alegria e orgulho dos resendenses pela elevação de um dos seus filhos ao episcopado, tendo afirmado “ser este um momento de grande privilégio para a comunidade de Resende”.
No dia 23 de Agosto, domingo, pelas 17h, foi concelebrada uma missa solene no recinto da sede do Rancho de Paus, presidida pelo Bispo de Lamego, D. Jacinto Botelho, a que se associaram 20 sacerdotes, tendo sido abrilhantada por um coro litúrgico de 15 elementos. Foi uma tarde de grande emoção para todos os participantes na cerimónia e sobretudo para D. Manuel Linda, que disse estar confundido com tantas manifestações de carinho dos seus conterrâneos, tendo agradecido a oferta do anel episcopal em ouro maciço por parte da paróquia de Paus e da Câmara Municipal.
O júbilo e apreço dos seus conterrâneos ir-se-ão repetir em 20 de Setembro, dia da ordenação episcopal, que terá lugar na igreja de Nossa Senhora da Conceição (Vila Real), com início às 16h.
*Apontamento e entrevista conduzida por Marinho Borges, publicados no Jornal de Resende (número de Setembro de 2009)
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